Movimento de tecetura
O feminino tece. Faz tramas. Inventa relações. Compõem redes. Emaranha-se num caos de fios. Vem, aquece destinos, vem. O subjetivo mundo dos significados clama pela sensibilidade para renascer e re-significar a vida que seca no asfalto de máquinas.
No interjogo entre o interno e externo o feminino se compõe questionando sua ‘adequação’ ao mundo. Que corpo é este que o sexo está escondido? Que curvas são estas, tão excessivas no mundo retilíneo da objetividade? Que corpo é este que sangra todo mês? Que corpo é este que incha ao gerar a vida? Como fertilizar a terra se as calçadas tapam o fluxo?
E o prazer? Ah, o prazer. Caro ao corpo proibido. Caro á sociedade que desconfia dos gemidos. Caro por gemidos serem lembranças das dores de fogueiras.
O parto tem dor. O feminino renascendo faz a alma se contorcer. Os sentidos se amortecem em feridas que não se cicatrizaram, o feminino purga. As mulheres se retorcem, os homens fogem. Este é o processo de cura: superar a dor, refazer os tecidos, regenerar o fluxo. Reencontrar a sacralidade, permitir o divino.
Texto inspirado pelo espetáculo: DESPIDAS POR SEUS CELIBATÁRIOS – é bom encontrar diversas expressões do mundo clamando a cura do feminino !!!! dignifica a alma!
Espetáculo de dança contemporânea, primeiro de uma triologia que aborda gênero.
Teatro Renascensa – Porto Alegre - Brasil
Grupo MEME – Centro Experimental do Movimento
Dezembro/ 2006